sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Duas Caras

Com quantas caras se constrói um político? Ou quantas caras um bom político deve ter? E um mau político?
Por Claudio Schamis


Agora não tem jeito. É o que temos: Dilma ou Serra. Um dos dois entra, queira você ou não. Por isso, não posso afirmar com todas as letras que temos duas caras para escolher.
A outra questão que diz respeito a quantas caras cada um tem, aí já é outro departamento.
Dilma acha que Serra é o “homem das mil caras” e olha que nem plástica ele fez. Já a Dilma…
Mas isso não vem ao caso. Vem ao caso a Dilma ter falado uma coisa sobre aborto em 2007 e agora que os holofotes, eleitores e microfones se voltam para a figura emblemática dela, ela muda o tom e a sua fala. Não considero ser uma mudança de opinião, que pode acontecer com qualquer pessoa. As pessoas mudam, amadurecem e reveem muitas vezes seus valores.
Dilma não. Ela passa aquela coisa de que se ela continuar pensando daquela forma ela pode perder votos desse ou daquele segmento que defende justamente o contrário do que ela prega ou pregava. Vai saber? Então ela começa a defender o que é melhor para a sua imagem. E já até falam em retirar o tema aborto do programa de governo. Bonito isso!!
Isso então faz com que ela seja a “mulher de duas caras”? Ou teria Dilma mais caras ainda?
Lula então não saberia dizer quantas caras tem.
O que ele fez e como age é exatamente como tem agido a (cópia) pupila-candidata-querida-e-adorada-idolatrada-Salve-Salve. Enquanto ainda era operário, Lula não queria nem saber se o mundo estava em crise, se a inflação estava alta, se os juros estavam pela hora da morte, se o FMI estava com dor de barriga ou se o presidente em exercício estava com dor de dente, nem se o empresário não estava vendendo nada. Ele pregava aquilo que achava que era o certo para o trabalhador e não queria ver o lado do empresário nem de ninguém. E quando se tornou presidente, começou a pregar outra coisa. A posição dele mudou completamente.
E para exemplificar isso, Lula teve então coragem de pedir, em certa ocasião, que os trabalhadores se sacrificassem um pouco, que não era hora de pedir aumento, que era hora de todos se unirem por um bem maior, pois o mundo estava em crise, a dor de barriga do FMI ainda não tinha passado e o presidente tinha que manter a imagem de “homem do ano”, “homem do século”, “homem que estaria promovendo uma mudança histórica-política no mundo” e o título de “o cara”. Afinal Lula é LULA, o mito. O filho do Brasil.
Em outras palavras, ele começou a pregar o que a “outra” cara dele dizia. O seu outro lado.
E isso me preocupa. Essas mudanças radicais de posição são difíceis de engolir. E são, como disse, preocupantes. Vai que amanhã Dilma acorda, no caso de eleita, achando que o que ontem Lula achava importante e ela afirmou que iria dar continuidade não vai mais rolar? Como ficarão os milhões que acreditaram nela?
Prever isso é impossível. Se tivéssemos como fazer certo tipo de seguro. Vai que?
Não quero dizer que Serra seria incapaz de fazer o mesmo. Mas o caso da Dilma me preocupa mais, justamente por saber quem está trabalhando nos bastidores. São nomes conhecidos e que deveriam ser temidos. É só perguntar pro Zé. Mas isso os eleitores fanáticos do Lula não veem, ou fingem que não faz diferença, afinal, a Dilma é o Lula mesmo. Vai acabar dando no mesmo. Vai tudo continuar como está e se está bom, pra que mudar, né?
Ledo engano. Mas fazer o que?
A grande preocupação de ambos os candidatos agora é a Marina, que foi a grande surpresa dessa eleição. E a outra grande preocupação de ambos os candidatos é partir para o tudo ou nada. Para o confronto, para o vale-tudo.
E minha grande preocupação é, e agora José?
Sabemos que tem uma pedra no meio do caminho. No meio do caminho tem, sim, uma pedra.
Mas a questão principal é que “João” amava “Teresa” que amava “Raimundo” que amava “Maria” que amava “Lili” que não amava ninguém. E quando uma pessoa não ama ninguém ela é capaz de qualquer coisa, pois sem amor a mente fica vazia, e uma mente vazia pode destruir uma nação.
Salvem as baleias. Não jogue lixo no chão. Não fume em ambientes fechados.

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